Gateway
real versus gateway
virtual
Por
uma questão de enquadramento histórico, importa começar com uma
abordagem das Obrigações de Serviço Público propostas para
vigorarem a partir de 1 de janeiro de 2005.
Na
situação real, então vivida, tínhamos um movimento de passageiros
de: Verão-523.600; Inverno-203.640 e Adicional-5.500. A proposta do
Governo Regional para 2005 propunha: Verão-659.300; Inverno-283.800
e Adicional- 5.500.
Facilmente
se depreende que a capacidade global mínima de lugares então
imposta era absurda porque completamente desajustada da realidade,
como posteriormente se verificou - consta de documento, datado de 23
de setembro de 2003, remetido ao então Presidente do Governo
Regional. O aumento médio de 25,9% - passar de 730.400 para 919.300
passageiros – apenas evidenciava que a proposta não teve em conta
os volumes de tráfego e a evolução que já então se verificava,
tanto mais que foram introduzidas duas novas rotas.
Como
parecia óbvio, por falta de concorrência, inadequada definição de
serviços mínimos e incorreta integração da cadeia logística, o
modelo subvertia as regras da concorrência e penalizava as
populações das ilhas com gateways servidas
por apenas uma ligação semanal.
Analisando
as Obrigações de Serviço Público atualmente em vigor, conclui-se
que da conjugação do número mínimo de voos com o número de
lugares disponibilizados, em alguns casos, o total de oferta é
superior, em dois dígitos percentuais, ao número total de
passageiros movimentados nessas gateways
em 2014.
Contudo,
não é essa a situação do Pico. Neste caso, o número de voos
corresponde ao número de lugares disponibilizados. Todavia,
esqueceram que estes voos se destinam à gateway
da Terceira, não sendo portanto o total de lugares disponibilizado
para o Pico, aliás, o Pico não surge como destino nos sites
das companhias para reserva de passagens. Com estes dois voos
indiretos ficam penalizadas duas ilhas e o Pico não deixa de ser uma
gateway virtual,
apesar de o turismo ter crescido em janeiro de 2015, mais de 37%.
Numa
correta integração da cadeia logística, tendo em vista um real
incremento da mobilidade, estes voos deviam ser diretos e
complementados com horários nas ligações inter-ilhas que
permitissem aos Picarotos, no conceito de aeroporto único, plena
liberdade de escolha da gateway
de saída/entrada, o que não acontece.
Vejamos
- excetuando os voos semidiretos de Segundas e Sábados, para saídas
do Pico pelas gateways da
Terceira ou de S. Miguel, os tempos de espera nestas gateways
podem chegar a 10 horas, como o demonstra
documento remetido, em devido tempo, ao Senhor Secretário Regional
do Turismo e Transportes. Assim, não há opção de escolha e é
curioso perceber quem beneficia com isso.
É
bom saber que em julho e agosto as duas ligações semanais serão
diretas e que o Governo Regional está disponível para corrigir as
desconformidades detetadas contudo, no imediato, a situação só
será corrigida se os horários da manhã de saída do Pico
permitirem ligação rápida com as saídas, também da manhã, das
gateways atrás
referidas. Não se trata de uma exigência, mas antes, como o
demonstram os números do turismo, de não injustiçar uma ilha que o
não merece e de não inviabilizar o seu desenvolvimento económico.
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