sexta-feira, 18 de julho de 2014

História recente da SATA - publicado no Jornal do Pico a 18 de julho de 2014


História recente da SATA

Quando em 1996, o Partido Socialista ganhou as eleições regionais a SATA era uma pequena empresa, operando exclusivamente inter-ilhas, técnica e financeiramente falida.

Com a criação da SATA-Internacional e a implementação de um bem estruturado plano estratégico, o grupo expandiu-se, consolidou-se enquanto em simultâneo revolucionava as acessibilidades, em termos de frequências e preços. O crescimento do grupo SATA foi de tal modo importante que pode mesmo ser considerado um case study.

Embora existissem antes de 1999 Obrigações de Serviço Público, só a partir de janeiro desse ano, com a entrada no mercado da SATA-Internacional, é que as rotas passaram a ser diferenciadas. Antes, havia apenas a obrigação genérica de voar para as três gateways então existentes.

Em 2005, entraram em vigor novas Obrigações de Serviço Público as quais contemplaram a possibilidade de operação em regime de codeshare o que permitiu que as taxas de ocupação tivessem um valor aceitável e da ordem dos 75%.

Em finais de 2007, a SATA tinha excedentes com provisões de 21M para a compra dos novos aviões, 9M de provisões para manutenção e o Fundo de Pensões estava equilibrado. A partir desta data, coincidência ou talvez não, tudo começou a mudar.

Em 2008 a atualização salarial dos Pilotos da SATA- Internacional foi de 18%, do Pessoal de Cabine foi de 35% e do Pessoal de Manutenção da SATA- Air Açores foi de 25%. Não quer isto dizer que o Pessoal do Grupo SATA ganhe muito até porque, como é sabido, os custos por trabalhador são inferiores aos da TAP. O problema é que as receitas por trabalhador na SATA- Air Açores são inferiores a 100€ e os custos com pessoal em percentagem da receita são de 45%; enquanto na TAP são de 21,5%. Claro que tal é compreensível na SATA- Air Açores – vários aeroportos deficitários e um grande e indispensável volume de mão-de-obra. É por isso que é feita a compensação através do pagamento das Obrigações de Serviço Público.

Bem diferente é a situação da SATA-Internacional. Nesta empresa, as receitas por trabalhador são superiores às verificadas na TAP e os custos com pessoal em percentagem da receita são inferiores aos também verificados na TAP. Assim sendo, as justificações para os maus resultados não colam até porque já em 2010 a SATA tinha ido à Banca para pagar salários, facto é que não é certamente alheio o crescimento, em três anos, de cerca de 200 colaboradores, sem que se tenha registado qualquer alteração ou crescimento na atividade da empresa.

Constata-se pois que, à alteração do Conselho de Administração no final de 2007, se seguiu um período de gestão à vista, sem nexo nem sentido; esquecendo o plano estratégico que até então tinha sido escrupulosamente seguido, e bem, e sem o qual não é possível gerir responsavelmente uma empresa, seja ela qual for.

A falta de um Plano Estratégico, cuja concertação e validação é responsabilidade do acionista, deu início à doença crónica que o Grupo SATA vem vivendo e continua a viver. Fala-se agora que o mesmo será encomendado ao exterior. Será que ainda não se percebeu que do exterior, nesta como em outras áreas, não vêm milagres e que teremos que ser nós Açoreanos a definir os nossos objetivos e a fazer o trabalho de casa?

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