História
recente da SATA
Quando em 1996, o
Partido Socialista ganhou as eleições regionais a SATA era uma pequena empresa,
operando exclusivamente inter-ilhas, técnica e financeiramente falida.
Com a criação da
SATA-Internacional e a implementação de um bem estruturado plano estratégico, o
grupo expandiu-se, consolidou-se enquanto em simultâneo revolucionava as
acessibilidades, em termos de frequências e preços. O crescimento do grupo SATA
foi de tal modo importante que pode mesmo ser considerado um case study.
Embora existissem antes
de 1999 Obrigações de Serviço Público, só a partir de janeiro desse ano, com a
entrada no mercado da SATA-Internacional, é que as rotas passaram a ser
diferenciadas. Antes, havia apenas a obrigação genérica de voar para as três gateways então existentes.
Em 2005, entraram em
vigor novas Obrigações de Serviço Público as quais contemplaram a possibilidade
de operação em regime de codeshare o
que permitiu que as taxas de ocupação tivessem um valor aceitável e da ordem
dos 75%.
Em finais de 2007, a
SATA tinha excedentes com provisões de 21M para a compra dos novos aviões, 9M
de provisões para manutenção e o Fundo de Pensões estava equilibrado. A partir
desta data, coincidência ou talvez não, tudo começou a mudar.
Em 2008 a atualização
salarial dos Pilotos da SATA- Internacional foi de 18%, do Pessoal de Cabine
foi de 35% e do Pessoal de Manutenção da SATA- Air Açores foi de 25%. Não quer
isto dizer que o Pessoal do Grupo SATA ganhe muito até porque, como é sabido,
os custos por trabalhador são inferiores aos da TAP. O problema é que as
receitas por trabalhador na SATA- Air Açores são inferiores a 100€ e os custos
com pessoal em percentagem da receita são de 45%; enquanto na TAP são de 21,5%.
Claro que tal é compreensível na SATA- Air Açores – vários aeroportos
deficitários e um grande e indispensável volume de mão-de-obra. É por isso que
é feita a compensação através do pagamento das Obrigações de Serviço Público.
Bem diferente é a
situação da SATA-Internacional. Nesta empresa, as receitas por trabalhador são
superiores às verificadas na TAP e os custos com pessoal em percentagem da
receita são inferiores aos também verificados na TAP. Assim sendo, as
justificações para os maus resultados não colam até porque já em 2010 a SATA
tinha ido à Banca para pagar salários, facto é que não é certamente alheio o
crescimento, em três anos, de cerca de 200 colaboradores, sem que se tenha
registado qualquer alteração ou crescimento na atividade da empresa.
Constata-se pois que, à
alteração do Conselho de Administração no final de 2007, se seguiu um período
de gestão à vista, sem nexo nem sentido; esquecendo o plano estratégico que até
então tinha sido escrupulosamente seguido, e bem, e sem o qual não é possível
gerir responsavelmente uma empresa, seja ela qual for.
A falta de um Plano
Estratégico, cuja concertação e validação é responsabilidade do acionista, deu
início à doença crónica que o Grupo SATA vem vivendo e continua a viver.
Fala-se agora que o mesmo será encomendado ao exterior. Será que ainda não se
percebeu que do exterior, nesta como em outras áreas, não vêm milagres e que
teremos que ser nós Açoreanos a definir os nossos objetivos e a fazer o
trabalho de casa?
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