A
saúde no Pico
Passadas
que estão três
décadas
de
funcionamento do Serviço Regional de Saúde, mais de uma década da
nomeação de Comissões Coordenadoras de Saúde, da portaria que
incrementou de forma regular a deslocação de médicos da carreira
hospitalar aos Centros de Saúde do Pico, da criação da Unidade
de Saúde da Ilha do Pico e quando está a entrar em funcionamento o
novo Centro de Saúde da Madalena, é chegada a altura de novamente,
digo novamente porque já aqui o fiz, clarificar o meu entendimento
sobre esta questão.
A
decisão da construção do novo Centro de Saúde da Madalena, um
investimento de 12 milhões de euros, preparado para dar a melhor
resposta a todos níveis de cuidados de saúde, na área da medicina
geral e familiar, da saúde materna, da saúde infantil e da saúde
escolar, veio, novamente, estimular as expectativas de finalmente se
dar o salto qualitativo que sempre faltou ao serviço de saúde do
Pico.
Mas
também, como foi assumido e anunciado, uma nova infraestrutura desta
natureza, dimensão e custo iria tornar possível voltar a nascer no
Pico, permitindo pela primeira vez, internamentos e cirurgias sem que
os utentes tivessem de sair da ilha. Ficando também mais capacitado
para a prestação de melhores cuidados de saúde a nível das
diferentes especialidades que albergariam, nomeadamente, medicina
interna, ginecologia e obstetrícia, oftalmologia, otorrino e
pediatria. Especialidades cuja presença poderá ser otimizada pela
realização de um sem número de atos que vão desde a clinica
cirúrgica pré e pós operatória à realização de toda a cirurgia
em ambulatório, incluindo cesarianas e realização de cirurgias de
especialidade, que implicam anestesista, como é o caso das cataratas
ou da realização de outros exames como é o caso das colonoscopias
ou a prestação de cuidados de suporte de vida, em situações de
emergência. A existência desse quadro de especialidades na USIP não
implicará, à partida, custos acrescidos já que se irão evitar
inúmeras deslocações de doentes a outras ilhas.
Tendo
em conta o que foi exposto e sobretudo tendo em conta o investimento
enorme que já foi feito, preconiza-se que não venha, agora, a ser
repetido o erro do Centro de Saúde de São Roque e que se aproveitem
ao máximo as instalações construídas na Vila da Madalena para as
quais se reivindicam:
- Serviço de Urgência centralizado e com os meios técnicos e humanos indispensáveis para fazer face à urgência médica com pequena unidade de cuidados intensivos e suporte de vida;
- Bloco operatório destinado a apoiar o serviço de urgência bem como a assegurar as cirurgias ambulatórias de toda a ilha e o apoio a exames que requeiram sedação/anestesista;
- Bloco de partos e apoio de chamada nas 24 horas;
- Serviço de Medicina Interna devidamente dimensionado para assegurar apoio de internamento à urgência e a patologias que, não necessitando de especialidade, não caibam no âmbito dos internamentos de retaguarda tipicamente efetuados nos centros de saúde;
- Serviço de Imagiologia centralizado, dispondo para além da radiologia clássica e ecografia de TAC;
- Laboratório de exames clinicas centralizado com âmbito de ilha e apoio contínuo ao Serviço de Urgência.
E
ainda:
- Aquisição de ambulância, a colocar na Piedade, com vista a cobrir as freguesias do extremo leste da Ilha;
- Criação de uma extensão de saúde na Piedade, com consultas diárias. Lembro que o novo edifício da Segurança Social da Piedade, com terreno adquirido e projeto em fase da aprovação na Câmara Municipal das Lajes do Pico, ambos integralmente pagos pelo Governo Regional, por solicitação desse mesmo Governo regional, contempla um gabinete médico, um gabinete de enfermagem e uma sala de atendimento e espera.
Sem
estarem em pleno funcionamento os serviços acima identificados não
estão criadas as condições mínimas indispensáveis para a
centralização, no
período noturno,
do serviço de urgências no novo Centro da Saúde da Madalena.
Os
outros dois centros de saúde que passariam a não ter, neste novo
paradigma, SAP’s, deveriam ter consulta aberta nas horas normais de
expediente e apoio, nesse mesmo horário, aos fins-de-semana e,
ainda, apostar naquilo que é a verdadeira vocação dos centros de
saúde os quais, numa ótica de Unidade Básica do Serviço de Saúde,
constituindo-se como primeiros responsáveis pela promoção e
melhoria dos níveis de Saúde da população onde estão inseridos
no entendimento de que “para
melhorar os serviços saúde não basta uma intenção, uma lei ou
uma doutrina. É indispensável conduzir um processo de mudança”.
“Será
o retorno a estes valores essenciais para a prevenção da doença e
consequentes benefícios par os cidadãos que deverá ser o caminho
dos tais centros de saúde e também o início à verdadeira poupança
do sistema de saúde que começa e acaba com cuidados básicos – o
verdeiro interface de um sistema racional não cortando simplesmente
a direito e de forma cega.”
Há
muito a poupar e a racionalizar na saúde, mas isso só será
possível com meios técnicos adequados, meios humanos motivados e,
sobretudo, com uma filosofia que reponha o verdeiro espirito dos
centros de saúde e dos cuidados básicos.
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