Novo
Canal da Nicarágua e as implicações futuras no tráfego mundial
De
acordo com notícias recentes o Governo da Nicarágua e a empresa
chinesa HK Nicarágua Canal Developement Investment Co. Limited,
assinaram um contrato para a concessão e construção do novo Canal
Interoceânico da América Central, cujas obras terão início em
dezembro do corrente ano.
O
projeto do novo canal terá sido acordado entre o Governo da
Nicarágua e a empresa HKND. Será concessionado por 50 anos,
prorrogáveis por mais 50 e custará cerca de 40 mil milhões de
dólares.
Este
novo Canal unirá os Oceanos Pacífico e Atlântico e, de acordo com
o Governo da Nicarágua, terá um oleoduto, uma estrada, dois portos
de águas profundas, dois aeroportos e duas zonas francas.
Claro
que não é alheio a este projeto o volume de negócios existentes
entre o Brasil e a China.
A
indústria brasileira, hoje, vende basicamente commodities
de minérios de ferro e agrícolas em geral. E o Brasil compra tudo
da China. O mercado chinês hoje tem 178 mil milionários, e a classe
média emergente tem 400 milhões de pessoas as quais começam a ter
acesso a um consumo desenfreado que não existia antes.
Não
é por acaso que a empresa brasileira Vale-Agnelli encomendou ao
estaleiro coreano Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering 7
navios graneleiros – Valemax – com comprimento fora a fora de 365
metros, boca de 65 metros, calado de 23 metros e capacidade para 400
mil toneladas de carga e já estão encomendados mais 12 à empresa
chinesa Pongsheng Shipbuilding.
Prevê-se
que com os novos navios a redução de frete por tonelada
transportada seja da ordem dos 40%. Imagine-se qual poderá ser a
redução se esses navios utilizarem o futuro Canal da Nicarágua e
não tiverem de contornar todo o Atlântico Sul, reduzindo o tempo de
viagem em mais de 20 dias.
Imagine-se
quais as implicações para o tráfego mundial de carga geral
contentorizada que terá a abertura de um novo canal por onde possam
transitar navios de qualquer dimensão.
Se
as novas comportas do Canal do Panamá já irão possibilitar o
trânsito de navios porta-contentores com capacidade para 13 mil
contentores imagine-se o que será juntar a isso um novo canal onde
possam transitar os porta-contentores de última geração - acima
dos 18 mil contentores.
A
economia de escala gerada por este novo canal e pelo remodelado canal
do Panamá quando conjugada com a economia de escala dos navios
porta-contentores de última geração trarão
ajustamentos/alterações, por enquanto, imprevisíveis ao tráfego
internacional.
Muito
provavelmente fretes mais baratos serão um incentivo ao aumento da
circulação de cargas com a consequência de serem utilizados menos
navios.
Face
à dimensão de tudo isto subscrevo as afirmações do Eng. Ribeiro
Pinto quando afirma no Diário Insular; “ A
questão aqui deve centrar-se na procura de um parceiro”
porque “
Fazer um HUB na Praia da vitória ou noutro sítio qualquer tem
custos enormíssimos, que nós não temos capacidade de suportar”.
Será possível encontrar esse parceiro para, sob a forma de
concessão, realizar o investimento? Gostava que fosse porém,
conhecendo a excentricidade dos Açores relativamente ao tráfego
internacional e os interesses em jogo, sou levado a concluir que se
trataria de um investimento sem retorno e, por isso, só posso ter
dúvidas.
Sem comentários:
Enviar um comentário